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 Posts incompletos - Deprimi e não consegui continuar (:

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Burn

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MensagemAssunto: Posts incompletos - Deprimi e não consegui continuar (:   Posts incompletos  - Deprimi e não consegui continuar (: EmptyQui Set 06, 2012 9:26 pm

Observem, queridas...

Uma claridade irritante insistia em atrapalhar meu sono, por incrível que pareça para minha situação, eu havia dormido feito um bebê noite passada – eu não sou o tipo de pessoa que é insensível, mas depois de um dia turbulento, minha mente simplesmente não conseguia se manter sã durante a noite, a inconsciência era mais segura.
Pisquei sonolenta, forçando meus olhos a se adaptarem a luz. Por um segundo não reconheci o lugar onde eu estava, mas logo as lembranças do dia anterior foram me atingindo uma à uma: The Hunger Games, colheita, tributo, desfile... Droga.
Um grunhido resignado escapou de minha garganta, enterrei minha cara no travesseiro com inquietude, meu desejo era nunca mais precisar levantar. Doce ilusão. Ouço três leves batidas na porta, seguidas pelo rangido da mesma se abrindo e finalmente a voz enjoada de Elsbeth Marshall se faz ouvir.
- Levante, querida! Vá se preparar para seu treinamento, e venha comer alguma coisa antes de irmos. – E desapareceu do quarto com a mesma rapidez e inconveniência com que apareceu. Suspirei pesarosa, privacidade? O que é isso? É de comer? Além do mais, algo naquela mulher realmente me incomodava; talvez suas atitudes hipócritas, sua aparência bizarra, sua estranha obsessão por limpeza, ou talvez o fato de que se ela houvesse qualquer outro papel naquela urna ontem, eu não estaria nessa situação. De qualquer modo, decidi fazer o que ela me pedia.
Tomei um banho gelado, em parte porque a baixa temperatura da água me relaxava, mas, principalmente, porque os comandos daquele chuveiro eram complicados demais para mim. Melhor não arriscar, prefiro banho frio a acionar algum controle de ‘cozinhar tributo’, ou algo assim.
Me arrumei e saí do quarto, caminhando sem rumo pelo quarto andar, até que encontrei todo a equipe do D4 sentada ao redor de uma mesa de café da manhã farta, repleta de iguarias de aparência suculenta. De inicio, eu estranhei bastante todo esse luxo que a Capital nos fornecia, até que cheguei à conclusão de que os jogos vorazes seguiam o mesmo conceito de um clássico antigo que minha mãe me contou uma vez: “João e Maria”, a bruxa má os alimenta para que ela mesma pudesse se aproveitar disso mais tarde, os devorando e a Capital nos enchia de mimos e de luxo, para logo depois nos lançar em uma arena mortal, obrigando-nos a matar uns aos outros. Sentiu a semelhança?
Estremeci, enquanto me sentava à mesa e pegava alguns pães para o café.
- Hm... Mau dia, pessoas... – Cumprimentei desanimada.
Observei a mesa rapidamente, incomodada com o clima de enterro que ali reinava, ninguém se atrevia a iniciar algum assunto. Talvez a comida estivesse boa demais para alguém querer conversar..., pensei. Me encolhi, enquanto mordiscava meu pão.
Emilie Huttenlork, - vulgo minha mentora – com sua pele clara, cabelos vermelhos chamativos, longos e enrolados, e dotada de grandes e penetrantes olhos verdes, mantinha sua atenção fixa para seu copo de suco ao meu lado, como se escondido dentro do liquido estivesse um segredo de extrema importância. Ao seu lado estavam os estilistas do distrito 4, Chrona – uma senhora que aparentava ter idade para ser minha avó, com o rosto esticado devido a um número excessivo de plásticas, que faziam as maçãs de seu rosto praticamente saltarem do seu rosto e ela tinha uma tara esquisita por roupas com detalhes cintilantes, acredite, isso é bem assustador quando você dependia dela para se vestir – e Hestor, um homem que aparentava estar lá pelo seus trinta anos e sua pele tonificava em um tom de azul, ele parecia um daqueles bichinhos antigos, que eu vi em um filme de animação. Como era mesmo o nome? Mofos? Smofos? Smurfs! Sim, um smurf. E à minha frente estava Elsbeth, seu rosto era marcado por diversas tatuagens de labaredas rebeldes, em tons de vermelho e dourado – lá no fundo, eu sempre achei isso meio irônico, levando em consideração que ela trabalhava exatamente em favor ao distrito da água – e ela também usava uma peruca alta e avermelhada, o que lhe dava a aparência de um “Sol humano”. Toda a sua aparência cooperava para uma imagem bem sinistra, mas suas manias pioravam tudo, eu não fazia idéia de como, mas ela sempre tinha um lenço em mãos para limpar qualquer coisa em que fosse tocar, naquele exato momento ela estava esfregando um lenço contra a mesa com tanta brutalidade que receei que ela fizesse um buraco na mesma. Ela deve ter percebido meu olhar, pois logo passou a retribuí-lo. Por um segundo, tive a impressão que ela desejava desinfetar meus olhos.
Baixei o olhar rapidamente.
Ainda havia Julia, a garota que logo seria jogada na arena comigo, então não fiz muita questão de criar laços, ou qualquer coisa assim. Trocamos poucas palavras, apenas o que a lei da educação pedia “Bom dia, boa tarde e boa noite”, sem mais. E eu realmente não tinha do que reclamar.
- Então... – Sussurrei, tentando evitar chamar a atenção dos outros integrantes da mesa, encarando minha mentora – Alguma dica para dar?
Ela desviou os olhos de sua comida e os fixou em mim, e antes que eu pudesse pensar que ela diria algo totalmente inspirador, Emilie abriu a boca a entoou em um murmúrio:
- Primeira dica: fica quieta e me escuta, sou eu quem já ganhou os jogos, você teve o azar de ser sorteada, então só... Preste atenção em mim.
Abri a boca estupefata. Realmente... Sutil. Em todo, eu não podia discordar de Emilie, ela não era muito mais velha do que eu, e, se não me engano, venceu os jogos quando tinha a minha idade, então imagino que o melhor a fazer era escutá-la. E por incrível que pareça, tínhamos temperamentos bastante parecidos, talvez fosse a semelhança de idade... Imaginei se, caso eu vencesse os jogos, seria uma mentora parecida com ela.
- Hm... Sim, senhora. – respondi incerta.
Ela suspirou satisfeita, antes de continuar.
- Ganhei os jogos quando tinha a sua idade. No fim das contas, não foi tão difícil. Só precisei ser inteligente, você vai ver, na arena, que a astúcia pode ser sua maior arma. – Assenti, terminando de comer meu pão.
Em outras palavras, isso significava: “Nada de sair atacando todo mundo que estiver à sua frente”. Bem, pelo menos minha mentora não parecia indiferente à mim, era reconfortante saber que eu tinha o apoio dela para conseguir patrocinadores.
Mas antes disso, eu tinha algumas pequenas tarefas a fazer.
Elsbeth pareceu ter o mesmo pensamento que eu, pois logo se levantou, avisando que era melhor nos apressarmos para não nos atrasarmos, e em seguida se afastou, provavelmente indo reabastecer seu estoque de lencinhos...
Suspirei, tomando um gole de suco de laranja e indo até meu quarto escovar os dentes. Quando voltei já estavam todos me aguardando e sem demais cerimônia seguimos para a sala de treinamento.
Elsbeth e Julia adentraram o elevador e eu as segui, me escorando no fundo do mesmo. Admito que as paredes de cristal – que me permitiam encarar a grande distância a que o chão se encontrava de mim – me deixava um pouco enjoada. Elsbeth desinfetou um botão do elevador e em seguida o pressionou, logo o elevador começou a descer suavemente, e o meu nervosismo crescer bruscamente.
Ao adentrar o centro de treinamento, tentei não demonstrar o quanto aquilo me impressionava, mas aquilo era diferente de qualquer coisa que eu já tenha visto, ou qualquer escola que eu já tenha freqüentado. E sinceramente, eu não reclamaria de estudar em um lugar desses. A porta do elevador se abriu, relevando um extenso salão, repleto de armas diversificadas e alguns caminhos de obstáculos. Alguns tributos estavam reunidos em um circulo silencioso, não estavam todos presentes, mas os que estavam tinham o número de seu distrito preso à suas costas. Um pano com o número “4” foi alfinetado em minhas costas, enquanto o restante dos tributos chegavam. O circulo estava completo, e uma mulher se aproximou para explicar como o treinamento funcionaria. Admito que ela disse seu nome, mas eu não captei ele muito bem. De qualquer modo, eu consegui entender perfeitamente como aconteceria o treino, tínhamos o livre arbítrio para aprender o que bem desejássemos. Mentores iriam nos ajudar a aperfeiçoar nossas habilidades durante os sete dias de treinamento. Em seguida a mulher listou as estações de habilidade, e eu olhei em volta, examinando meus oponentes. Por incrível que pareça, a faixa etária dos tributos não era muito diferente, a maioria ali não era muito mais velho do que eu.
Me perguntei onde estavam os voluntários, pois por mais que alguns ali parecessem bem mais treinados do que os outros, não se poderia dizer que estavam “prontos” para isso, além disso, só haviam dois garotos presentes. Ergui a sobrancelha, será que a Capital está nos escondendo algo? Uma doença, talvez? Estremeci. Eu não havia percebido isso na colheita, mas apenas o fato de alguém não ter se voluntariado para ir em meu lugar – ato propício do distrito 4 – não aconteceu.
A mulher nos liberou, e eu me senti meio perdida, enquanto o restante dos tributos já deviam ter em mente o que treinariam. Suspirei, me dirigindo até o local com as armas. Eu sabia mexer com facas e adagas, isso devido aos anos cozinhando com minha mãe - acredite em mim, limpar um peixe não é tão fácil quanto parece -, mas isso parecia algo um pouco cru para um jogo mortal, principalmente com o fato de eu não saber arremessá-las, e nem ter uma mira boa. Eu tinha que escolher outra arma, e dominá-la. De preferência uma de longa distância, pensei em um arco e flecha, mas o período do treinamento não era suficiente para eu aprender a dominá-lo a ponto de ele ser realmente útil na arena. Uma arma em especial chamou minha atenção, ela era longa e sua ponta possuía uma peça pontiaguda de ferro, que por sua vez é atravessada por uma lâmina em forma de meia-lua – como um machado. Uma arma com dupla utilidade. Meus olhos brilham de animação. Isso é exatamente tudo o que eu precisava!
Só havia um problema: eu não fazia ideia de como usá-la. Suspirei profundamente, fechando a mão ao redor da haste da arma e indo em busca de um especialista de armas, se não me engano, a moça citou isso em sua lista. Eu o encontrei, um sujeito alto e musculoso, além de ter uma aparência estranhamente... Normal, para um morador da capital pelo menos. Admito que seu porte de quem malhava desde os sete anos e suas feições arrogantes me intimidaram um pouco, mas não hesitei em lhe pedir ajuda,
O resto do dia se resumiu praticamente com a prática em minha nova arma preferida, quando me dei por satisfeita da Alabarda – acho que eu já conseguiria usar ela para matar alguém, só acho – busquei travar novos conhecimentos de sobrevivência. No primeiro dia, tratei de aprender também sobre o tipo de alimento que eu poderia retirar da natureza, admito que algumas coisas não eram suculentas, mas poderiam ser úteis para minha sobrevivência. Além de que, algumas flores comestíveis eram deliciosas.
E a semana se seguiu assim, sem grandes acontecimentos, aprendi a fazer uma fogueira, a dar nós, a criar cordas naturais com alguns materiais bem bizarros, aprendi a criar anzóis – foi difícil, mas eu me senti melhor sabendo que, pelo menos, eu saberia usá-lo -, vi como criar uma faca com uma pedra lascada, a fazer um abrigo, descobri como me camuflar – essa foi a mais chata -, algumas táticas bem interessantes de caça e descobri ótimas utilidades para venenos naturais. E quando me cansava, eu simplesmente pegava uma Alabarda e uma adaga e ia descontar meu estresse em um boneco de treino qualquer. Infelizmente, eu não podia dizer que me demorava muito tempo em cada estação, eu queria aprender o máximo possível, ou seja, eu não conseguiria me aprofundar em quase nada, no máximo uma hora aprendendo cada habilidade.
Hora ou outra, eu me sentia observada e instantaneamente levava meus olhos para àquele espaço no alto da sala, protegido por um campo de força, onde os Gamemakers se mantinham. Raphael e Bia exibiam algum tipo de superioridade sobre as pessoas, eles eram capaz de intimidar qualquer brutamontes que já vencera os jogos anteriormente. Apesar da pouca idade de ambos, os dois demonstravam indiferença e tédio, aquele tipo de pessoa que já viu de tudo, e não era impressionado facilmente. Quando um deles te encarava, não era um olhar avaliador, crítico ou construtivo. Era como se dissessem “Te desafio a me surpreender”, e bem, quando o que estava em jogo era sua vida, era realmente complicado não se sentir abalado.
Eu realmente não gostava de me sentir rebaixada.
O último dia de treinamento chegou mais rápido do que eu gostaria, o dia em que eu seria jogada brutalmente em uma arena mortal se aproximava. Se eu estava nervosa? Com certeza.
Decidi que minha tarefa para hoje seriam técnicas de combate, já que era a única habilidade interessante que restava para fazer.
O professor havia chamado um assistente para nos ajudar com as técnicas, ele nos fornecia instruções, enquanto a tarefa era derrubar o inimigo. Não era muito fácil, principalmente quando se tratava de alguém com o dobro do seu tamanho. Admito que se não fosse pelo meu tamanho, que me permitia ser um pouco mais rápida que o assistente, para escapar de suas investidas, eu já estaria toda quebrada.
- Lembre-se: uma rasteira consiste no desequilíbrio do seu adversário, e na sua velocidade. Ignore a força desigual. Use seu próprio tamanho contra ele.
Respirei fundo, e avancei, prendendo o peito de meu pé no tornozelo do homem e rapidamente o puxando por baixo do assistente, com o suporte de um pequeno empurrão ele se desequilibrou e caiu para trás.
Quanto maior a altura, maior a queda.
Ele nos passou mais alguns exercícios de imobilização e pontos fracos do inimigo, o que poderia definir vida ou morte em uma batalha corpo a corpo na arena, o que acontecia com frequência.
Quando cansei de lutar, mesmo estando meio dolorida, fui me divertir um pouco destruindo alguns bonecos de treino com a adaga e a alabarda, depois de um tempo, isso acabou se tornando uma terapia para mim.
Ao deixar a arena, não pude deixar de sentir que iria sentir falta daquele lugar, por mais que não tenha sido um mar de rosas. Eu sabia que os dias seguintes seriam traumatizantes, isso se eu sobrevivesse até lá.
Na tarde do dia seguinte, todos pareciam centrados nas entrevistas, sabíamos que, assim como as notas da apresentação individual, isso poderia ser essencial para se conseguir um bom patrocinador, o que novamente envolvia vida ou morte e tudo mais.
Suspirei cansada, eu estava jogada no sofá, com um suco de laranja em mãos e em busca de um programa que prestasse na TV. Infelizmente, nessa época do ano, toda a mídia se voltava para os jogos. Ligar a TV e ver seu rosto estampado ao fundo não é tão divertido quanto parece, principalmente nessas circunstâncias. Dei outro gole no suco, quando a voz esganiçada de Elsbeth atrás de mim me faz dar um pulo assustado, quase me fazendo derrubar o suco em minha roupa.
- O que você está fazendo aqui?! Deveria estar com sua mentora treinando para sua entrevista. Chrona e Hestor estão terminando seu vestido, assim que terminar com Emilie deve experimentá-lo.
Engoli o seco, não sei o que me assustava mais, a entrevista, ou meus estilistas. Mas de qualquer modo, decidi procurar por Emilie, talvez minha mentora tivesse alguma dica para a noite.
Parei em frente à porta do quarto de Emilie, e hesitei por alguns segundos em bater na porta, mas logo tratei de dar três toquinhos na mesma, Ouço o barulho de alguns trincos se abrindo, e logo o rosto de minha mentora aparece à minha frente.
- Ah, e você. Entre... – Ela abriu a porta por completo para me dar passagem.
- É... Eu pensei que talvez você pudesse ter algo importante para me dizer sobre a entrevista de hoje.
Ela assentiu minimamente e gesticulou para que eu me sentasse. Me joguei em uma poltrona qualquer, e esperei que ela continuasse.
- Veja bem, Thay, no início dos jogos o Panem não se dá ao trabalho de tentar memorizar quem vocês são, eles só se dão ao trabalho de lembrar de quem chamou sua atenção, tanto nas notas, quanto na entrevista. Não pareça entediada e, de modo algum, deixe a entrevista entediante. Seja engraçada e tenha sempre as respostas na ponta da língua, não deixe Caesar te fazer de boba. Sorria mais do que o habitual e diga que eles mal podem esperar para te ver em ação, entendeu?
Assenti atônita, eu nunca me importei realmente na opinião que as pessoas faziam de mim, até porque não sou a pessoa mais sociável do mundo, mas se eu soubesse que ia estar nessa situação eu teria começado a treinar minha simpatia desde cedo.
- Ótimo, agora vá, seus estilistas já devem ter terminado sua roupa. – Em outras palavras, “Se manda do meu quarto”.
Suspirei cansada, Emilie não era indiferente a minha sobrevivência, mas também não era a mentora mais atenciosa do mundo. Era como o professor de técnicas de combate, ‘eu vou te passar as instruções, e você se vira sozinha’.
Me arrastei para fora do quarto e, sem a mínima animação fui atrás de Chrona. Na realidade, ela me encontrou antes que eu o fizesse.
- Thay! Venha querida, temos que te arrumar para a entrevista! – Ela me puxou consigo antes que eu pudesse protestar.
Quase todo o processo antes do desfile dos tributos teve que ser repetido, os ajudantes de Chrona e Hestor tiveram que hidratar meu cabelo novamente, minha unha – cuja qual eu já havia descascado o esmalte durante a semana – foi refeita, pintada em um tom de verde água que me lembrava a cor do mar na região onde eu morava. A maquiagem foi mais leve do que eu pensara, o que de certo modo me acalmou. Pelo menos eu não ia pagar de palhaça para o Panem inteiro.
Chrona me chamou para eu experimentar o vestido, a senhora me levou para uma sala onde dois manequins estavam cobertos por um lençol branco, imaginei que um manequim continha meu vestido e o outro o de Julia. Minha estilista me posicionou em frente à um dos manequins, e colocou sua mão sobre o lençol, ameaçando retirá-lo.
- Está pronta? – Perguntou animada.
- Estou... – Falei com um pouco de receio.
Chrona puxou o lençol sem mais delongas, revelando um vestido de tamanho médio, sua barra ia até metade da coxa. Do busto até a cintura , onde o tecido era mais colado ao corpo, ele era de um tom impressionante de verde – similar ao da minha unha -, mas da cintura para baixo a cor ia se transformando em um azul suave, onde o vestido ia se soltando um pouco, o que imaginei que daria alguma graciosidade para cada passo da usuária. O vestido tinha um pequeno decote, nada muito extravagante, e ao longo do vestido algumas pequenas e delicadas pérolas o decoravam, dando um certo brilho para a peça.
- Wow... Ele é lindo. – Falei maravilhada.
Eu não tinha ideia que meus estilistas pudessem fazer algo tão bonito, sem serem extravagantes. Imaginei que eles devem ter ficado a semana inteira tentando encontrar algo que combinasse comigo, e o mais impressionante é que eles encontraram.
- Que bom que gostou, - Seus olhos brilharam, e eu me senti um pouco desconfortável – Venha experimentá-lo para que eu possa fazer alguns ajustes.
No meu corpo, o vestido pareceu ainda mais impressionante. Eu admito que não é do meu costume usar vestidos, normalmente apenas em ocasiões muito formais para meus pais me obrigarem a usar algo assim, mas dentro do trabalho de Chrona eu me sentia mais... feminina, e eu meio que gostava da sensação.
Chrona ajustou um pouco o vestido em minha cintura e rapidamente eu já estava pronta para a entrevista. Meu cabelo foi arrumado em alguns delicados cachos que desciam como uma cascata por meus ombros e Chrona colocou uma presilha no canto, para impedir que o cabelo atrapalhasse a visão do meu rosto.
O horário da entrevista se aproximava e Elsbeth levou a mim e a Julia para fora do centro do treinamento, já que a entrevista era feita em um palco à frente do prédio onde nos hospedávamos e treinávamos. Tínhamos que esperar até os tributos do distrito 1, 2 e 3 fazerem sua entrevista, nesse momento fiquei com pena dos tributos do 12, esperar seis pessoas já era totalmente maçante, imagina ter que agüentar todos os 22 tributos até chegar sua vez.
A última garota do distrito 3 saiu do palco, e eu senti meu coração afundar até minhas sandálias, imaginei como estariam as coisas em casa naquele momento, meus pais e Jessie – minha melhor amiga – encarando a TV apreensivos, esperando para me ver depois de uma semana torturante de treinamento. Respirei fundo, enquanto ouviu meu nome ser chamado pelo entrevistador, Caesar Flickerman e tomando coragem para subir ao palco.
Assim que minha imagem apareceu no telão, a platéia vibrou em palmas, como fazem com todos os tributos. Me forcei a colocar um sorriso no rosto, mesmo meio mecânico, acho que ninguém percebeu.
Caesar me recebeu com seus modos amigáveis, e eu tento ao máximo me sentir mais à vontade em sua presença.
- Você está belíssima. - Ele comenta.
Sorri um pouco envergonhada.
- Muito obrigada, minha equipe fez um ótimo trabalho com meu figurino. Eu quase não me reconheci no espelho. Até porque não costumo usar vestidos com frequência.
- Pois acho que todos concordamos que deve usá-los com mais frequência, não?
Ele se voltou para a platéia, e como se pressionados a isso, todos começaram um corro afirmativo.
Fiquei um pouco rubra e consegui dizer:
- Talvez, mas não é muito comum no distrito 4. Já imaginaram alguém pescando usando algo assim? – Gesticulei para o vestido e Caesar riu com minha tentativa falha de fazer uma brincadeira, o que me fez ficar mais a vontade.
Caesar se voltou novamente para mim, e enquanto seu sorriso diminuía, percebi que o interrogatória ia começar:
- Se você vencer esses jogos, o que você pretende fazer ao voltar para seu distrito?
Lembrei o que minha mentora me dissera, para não demorar muito para responder, mas essa pergunta era relativamente fácil:
- Irei abraçar minha família e meus amigos! Só de pensar que eles estavam me assistindo, e torcendo, foi a única coisa que eu precisei pra continuar. Aliás, não é legal ser morta em público, e eu prefiro não passar por essa experiência...
A platéia riu, como se o fato de eu estar falando sério não tivesse importância, e eu aproveitei para acompanhá-los.
A platéia se silenciou e novamente Caesar se voltou para mim.
- Qual é sua motivação para vencer esses jogos? Você realmente acha que vale a pena? Por quê?
- Minha motivação? – Ergui uma sobrancelha com certo ceticismo - Não ser morta. – Sorri de canto - Poder voltar para casa, e estar com quem eu amo. Eu realmente não sei se vale a pena, mas eu não vou desistir. É a minha vida que vai estar em jogo lá, e eu não vou deixar de lutar por ela.
A platéia pareceu gostar de minha resposta, pois voltou a fazer barulho, mas eu não pude me deliciar com isso, pois Caesar não parecia muito disposto para pausas:
- Como você acha que serão os Jogos deste ano? Se considera pronta?
- Eu acho que eles serão como todos os jogos são: Sangrentos. Não vai ser justamente nesse que a compaixão vai reinar. Hum... Acho que ninguém está realmente pronto para matar ou morrer desse modo, mas quando estivermos na arena, penso que a adrenalina pode nos ajudar um pouco. – Encolhi os ombros minimamente e sorri para ele. – E vocês Mal podem esperar para me verem em ação.
- Caso você ganhe, alguns meses após a sua vitória você terá de visitar cada distrito na turnê. Você terá coragem o suficiente para olhar nos olhos da família de cada Tributo que matou e dizer que não se arrepende e tem orgulho do que fez? – Senti meu sangue gelar com essa pergunta, percebi que ela foi feita principalmente para me fazer hesitar, me abalar. Conseguiu, de certo modo, mas eu não iria demonstrar.
Eu sorri de canto
– Desculpa, acho que eu não teria orgulho de matar alguém, mesmo que fosse por minha vida. Mas não, eu não me arrependeria, isso é um jogo. Todos lá estavam jogando pra matar, e tenho certeza que na primeira oportunidade eles fariam o mesmo comigo. Só aconteceu de eu esbarrar em algum deles enquanto estava armada. – Dei de ombros de modo divertido.
Ele não se deixava abalar, até aquele momento eu estava satisfeita comigo mesma. Eu tinha conseguido construir respostas aceitáveis e sem ser feita de boba.
Ele continuou, e eu me perguntei se esses três minutos não poderiam acabar de uma vez.
- Do que você mais se orgulha em você? E no distrito de onde você vem?
Certo, essa era fácil.
- Eu sou realmente meio impulsiva... Não sei se isso é algo do qual eu deva me orgulhar, mas eu gosto dessa característica em mim, eu realmente odeio me arrepender de algo que eu não fiz. Bem, e quanto ao meu distrito... Somos bastante descontraídos! Temos sim nossas prioridades, mas sabemos nos divertir.
Caesar sorriu, eu já estava começando a me sentir incomodada com todas as atenções presas sobre mim, mas ele continuou.
- Você já conhece algum tributo? Já tem alguma pretensão de matar algum deles, alguma rixa antiga ou má impressão de alguns deles?
Me aproximei de Caesar, como se fosse lhe revelar um segredo intimo, mesmo estando ciente que todo o Panem me ouviria devido ao microfone.
– As garotas do Distrito 5, eu não com a cara delas – Fiz uma careta.
Ele riu com animação, e a platéia seguiu sua deixa, como se eu tivesse acabado de falar uma grande piada.
- E se você acabar se afeiçoando com algum tributo como Katniss Everdeen e Peeta Mellark? Eles morreram por conta disso na 74º edição dos Jogos. Se acontecer com você… Como pretende se livrar disso?
Fiz uma careta cômica, e tenho certeza que as câmeras captaram isso com perfeição.
– Olha... Honestamente eu acho que Peeta e Katniss escolheram um momento bem inconveniente para se apaixonarem! Mas bem, eu não acho que corro esse perigo, dizem que tenho coração de pedra – Revirei os olhos – E caso acontecesse, eu o mataria antes que pudesse me prejudicar por isso...
A platéia se prendeu em um coro de surpresa, e eu tive que rir das consequências de minhas palavras.
- Nos diga sua maior fobia.
Ergui uma sobrancelha. Ele quer saber um ponto fraco meu? Suspeito.
- Eu nunca tive um medo muito preocupante, mas admito que nunca me dei realmente bem com lugares altos... – Sorri envergonhada, e ele me olhou com um sorriso solidário.
Eu quase tive esperança de que aquela pudesse ser sua última pergunta, mas ele prosseguiu:
- Te descreva com uma metáfora.
- Essa é difícil... – Observei atônita, eu nunca tinha pensado em uma metáfora que pudesse me definir, mas... - Acho que a que mais se assemelha comigo seria: “A astúcia pode enfrentar a espada”. – Lembrei das palavras de Emilie no inicio da semana.
- E por último, mas não menos importante: Você teve alguns minutos para se despedir de sua família e amigos. Você prometeu que voltaria? O que disse a eles?
Hesitei por alguns segundos e procurei encarar uma câmera qualquer, ao invés de Caesar, para que eles pudessem captar melhor a dor eu minha expressão.
- Na realidade, eu me lembro exatamente das palavras que disse para eles: "Desculpem por eu ter decepcionado vocês tantas vezes. Talvez isso seja o que eu faço melhor. Eu os amo tanto que não poderia me perdoar se eu morresse agora. Eu não vou decepcionar vocês, eu não vou morrer. Dessa vez eu tentaria lhes orgulhar. Me perdoem se eu errar lá dentro, só espero que me recebam de braços abertos no final.”
Por alguns segundos, tudo se silenciou, como se todos estivessem tentando absorver a profundidade de minhas palavras. Até que a campainha afirmando o fim de minha entrevista soou, e eu me levantei, com falso pesar em meu rosto.
- Infelizmente, nosso tempo acabou. Ele segurou minha mão, para uma última despedida do público:
- Thaísy Santos, Distrito 4, senhoras a senhores! – Fiz uma pequena reverência para a platéia e outra para Caesar, antes de deixar o palco.
Terminei a entrevista dramaticamente, até que não foi tão ruim.
Sem me dar ao trabalho de presenciar a entrevista dos próximos tributos, me dirigi ao prédio do centro de treinamento, a fim de descansar um pouco.
Me lancei na cama pensativa, amanhã poderia ser o início do meu fim, ou pelo menos do fim do que eu sou hoje. Eu infelizmente não podia afirmar que estava levando isso com tranquilidade, e foi com pensamentos bastante angustiantes que eu mergulhei em um sono profundo, e repleto de pesadelos sangrentos.


O meu fracasso.
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